Sentido

A cor da relação

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Como resultado, lançamos uma série de entrevistas sobre a importância de se debater cada vez mais as questões raciais no Brasil. Meu primeiro contato mais profundo ocorreu através do livro Virou Regra? Como se aplica neste caso? Sempre em todas as revistas e propagandas, o branco é colocado como o mais bonito. E a gente também tem muito internalizado essa ideia de relacionamento de amor à primeira vista: conheço um estranho e imediatamente me apaixono por ele, como num conto de fadas. Por isso muitas mulheres acreditam que afetividade é somente sobre as decisões masculinas, isto é, mesmo com todas as exceções, eles precisam se ver como os protagonistas do relacionamento. Mas mesmo assim, por exemplo, um casal de dois homens gays — um negro e um branco — certamente, aquele com maior poder simbólico, vai poder tomar as decisões e fazer as escolhas.

Passei a enxergar isso por volta de 13, 14 anos, quando a pessoal se interessa pelos meninos. Todo universo tinha um parzinho, menos eu. Identificava que tinha uma estética diferente daquela que na escola era importante, quanto o cabelo liso, por exemplo. Enfim, essas coisas que, depois de crescido, a gente aprende a relevar. O meu papel, naquela época, era o da amiga que faz a ponte para as outras ficarem na festinha. Os homens mais velhos me notavam mais.

Restante tortuoso ainda quando o destino ambicionado é o altar. Para ser escolhida, ela deveria ter alguma vantagem. A possibilidade de encontrar um companheiro ou um parceiro é menor para ela, afirma. Desses, apenas eram formados por homem e mulher negros. No Brasil, a negra é a minoria nos espaços culturalmente reservados para quem tem pele clara. Dos 18 casamentos civis que Claudete presenciou ao longo da pesquisa, apenas três uniram pares de negros. Uma dificuldade de encontrar um companheiro de mesma cor foi confirmada por todas as 11 mulheres negras que a pesquisadora ouviu na estação. Quando engravidavam, eles dificilmente assumiam o filho.

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